Crítica | Vidas Passadas - Uma trama extraordinária que, com suavidade, expressa centenas de ideias diferentes sobre o bem e o poder do espírito em busca da transcendência.

Divulgação | California Filmes

TítuloPast Lives (Título original)
Ano produção2022
Dirigido porCeline Song
Estreia
25 de janeiro de 2024 (Brasil)
Duração 106 Minutos
Classificação12 - Não recomendado para menores de 12 anos
Gênero
Drama - Romance
País de Origem
Estados Unidos e Coreia do Sul
Sinopse

Um casal de amigos de infância se separa depois que a família de um deles sai da Coreia do Sul a fim de emigrar aos Estados Unidos. Mais de 20 anos depois os dois se reencontram em Nova York. Chegou a vez de ambos encararem seus sentimentos.

• Por Alisson Santos
• Avaliação - 9/10

Em Vidas Passadas de Celine Song, tudo acontece com uma lentidão quase contemplativa. O roteiro, também escrito pela diretora, analisa o amor, mas não do ponto de vista simples e muito menos do mais urgente. O filme, que se situa num estranho cenário entre a alegoria sobre a intimidade e a necessidade do outro, é construído através de silêncio e cenas de extraordinária beleza.

O filme conta a história de Nora (Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo), dois amigos de infância profundamente conectados, se separam depois de uma mudança. Duas décadas depois, eles se reencontram na cidade de Nova York para uma semana fatídica enquanto confrontam noções de destino, amor e escolhas.

Nora é uma exploração sobre a necessidade de amar. Mais do que uma personagem - que é desenvolvida com extrema paciência e sensibilidade pela atriz - é um elo com a maturidade do amor e os estratos que ele toca. Desde a infância, quando conhece Hae Sung, ela sabe que, mais cedo ou mais tarde, ele será a personificação de todos os seus desejos e necessidades. Mas esse impulso invisível passa pelos acontecimentos comuns. A diretora não fala de um romance alucinante, com coincidências inexplicáveis e um possível final feliz garantido. Em vez disso, dê um passo atrás e recupere a ideia do amor gentil, que deve ser testado em meio à dor e às pequenas descobertas.

Divulgação | California Filmes

Em Vidas Passadas, o amor é uma homenagem. Uma busca, um significado promissor. Da mesma forma que uma jornada ritualística em direção ao bem total, Nora deve aprender como a vida corrói e constrói sua própria versão de necessidade. É esta viagem que o filme narra com sublime delicadeza, que analisa e medita, ao ritmo de um teor melancólico, os grandes mistérios emocionais. Por que amamos? O que nos faz amar? É uma coleção de memórias com significado adquirido ou a busca de si mesmo em outro corpo?

Cada fase da vida – que leva Nora e Hae Sung a novos territórios de si mesmos e à sua necessidade de serem compreendidos – torna-se uma peça fundamental para a compreensão de sua história. E através disso, Celine Song consegue narrar, camada por camada, os mistérios dos dias comuns, da vida que passa, do amor que se sustenta cuidadosamente em meio a conversas, ausências, pequenas decepções e alegrias. Se há algo de surpreendente neste filme é a sua capacidade de contar centenas de pequenas experiências, sem parecer que o faz. Esta narrativa, que avança no meio de águas calmas, mas que tem no centro várias das grandes questões existenciais do nosso tempo, move-se porque apela ao invisível. Muito mais, quando utiliza sua estrutura narrativa para unir passado, presente e futuro em uma única linha. O resultado é uma trama extraordinária que, com suavidade, expressa centenas de ideias diferentes sobre o bem e o poder do espírito em busca da transcendência.

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