Crítica | Sorria 2 - A trama explora a possibilidade de que uma força maligna possa não apenas matar, mas também devorar almas. Isso, através do desejo e do poder da popularidade.
Divulgação | Paramount Pictures |
Título | Smile 2 (Título original) |
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Ano produção | 2023 |
Dirigido por | Parker Finn |
Estreia | 17 de outubro de 2024 (Brasil) |
Duração | 125 Minutos |
Classificação | 18 - Não recomendado para menores de 18 anos |
Gênero | |
País de Origem | Estados Unidos |
Sinopse
Prestes a embarcar em uma turnê mundial, a cantora pop Skye Riley começa a viver experiências aterrorizantes e inexplicáveis. Tomada pelo horror e pela pressão da fama, Skye é forçada a confrontar seu passado para retomar o controle de sua vida antes que seja tarde demais.
• Por Alisson Santos
• Avaliação - 6/10
Em "Sorria 2", boa parte da trama se baseia em mergulhar no terror do ponto de vista indireto. Uma premissa que pretende levar a fórmula do filme de 2022 a uma escala muito maior. Porém, o filme perde tempo detalhando seu mundo, na esperança de fazer o espectador lembrar o que aconteceu no filme que o antecede. Assim, após uma impressionante sequência introdutória, que, curiosamente, parece independente do resto da história, "Sorria 2" se desenrola de maneira que alterna entre ótimos e previsíveis momentos.
O diretor, Parker Finn, entrega até criativas sequências visuais. O roteiro, que o diretor também escreve, é inteligente o suficiente para usar a seu favor a perspectiva de uma diva pop. Assim, o elemento sobrenatural se encontra em meio aos gritos dos fãs, ao assédio da imprensa, à adoração da mídia e das plataformas. A trama explora a possibilidade de que uma força maligna possa não apenas matar, mas também devorar almas. Isso, através do desejo e do poder da popularidade. Um conceito curioso que, nos seus melhores momentos, confere ao filme a capacidade de inovar dentro da sua premissa simplista.
"Sorria 2" leva a fórmula do filme original aos palcos e à celebridade viral, com uma ambição que surpreende. Assim, a premissa do monstro invisível, essa maldição, torna-se duas vezes mais destrutiva, aliada com esse mundo caótico do estrelato. Mas, embora o diretor Parker Finn use bem as reviravoltas e as configurações visuais para contar uma história cada vez mais macabra, o enredo continua incompleto e sem muita profundidade.
Na verdade, grande parte da primeira hora do filme é dedicada à ambientação. Em primeiro lugar, apresentar Skye Riley, uma estrela brilhante com uma semelhança perceptível com muitas divas pops atuais e interpretada brilhantemente por Naomi Scott. "Sorria 2" não tem medo de usar suas referências e o faz com tanta habilidade que não precisa de muito para expor a situação. Skye não é apenas famosa, mas também o centro de um fanatismo que está presente em todos os lugares. Que, além disso, tem um poder tão enorme que se torna objeto de obsessão.
Divulgação | Paramount Pictures |
O que a trama usa como ponto de partida para contar sua história. Se no primeiro filme o terror paranormal isolou seu protagonista, na sequência o monstro sem rosto se torna um parasita. Aquele que, embora queira matar a sua vítima, ao mesmo tempo quer aproveitar do poder monumental que obtém no palco. A mudança de ritmo, e tom, faz com que, desta vez, a presença maligna se manifeste, além dos conhecidos sorrisos macabros, numa total distorção da realidade.
Várias das melhores cenas de "Sorria 2" baseiam-se precisamente na sua capacidade de transformar Skye numa espécie de vítima destinada a procurar muitas outras. Parker Finn transforma o ponto de vista de seu personagem em uma espécie de fio condutor para todos os acontecimentos perversos e muitas vezes violentos ao seu redor. O que leva o filme a novos lugares. Desde um show, até multidões perseguindo sua estrela, até fãs à espreita, transformados em inimigos. A verdade é que "Sorria 2" expande a sua fórmula com tanta força que consegue analisar a natureza do mal que propõe de uma forma mais complexa do que apenas uma entidade sanguinária.
Tudo é maior, mais elaborado e definitivamente mais sangrento. E boa parte do seu impacto, é demonstrar as possibilidades de um monstro implacável. Aquele que não para e que, sem dúvida, não pode ser contido porque, no fundo, se adapta aos gatilhos mentais de sua vítima. O que leva o filme à ideia de que essa entidade precisa se mostrar exatamente assim: sem fronteiras e sem nada que a impeça. Mas ao mergulhar em uma perspectiva tão sugestiva, a trama deixa a desejar em ousadia e experimentação. Pelo contrário, o diretor gasta tempo lapidando seu espetáculo visual e se esquece um pouco da tensão do que conta. Então, se falta algo em "Sorria 2", é muito mais capacidade de se aprofundar no mundo que ele cria.
Parker Finn refina sua fórmula estética e de escrita, fazendo do filme uma jornada sólida pelo terror sobrenatural, que fecha todas as suas pontas e evita deixar questões soltas. Mas essa mesma coerência faz com que tudo no filme careça de verdadeira surpresa. No meio do filme, e sobretudo graças ao que se viu no original, fica evidente onde essa história vai parar.
"Sorria 2" estreia amanhã nos cinemas nacionais.
Quem gostou do primeiro, deve adorar esse.
ResponderExcluirVi ontem aqui em Portugal, gostei mais do que o primeiro. A performance da atriz, a banda sonora e sonoplastia brutal.
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