Crítica | Indiana Jones e a Relíquia do Destino - Uma divertida e nostálgica aventura final.

Divulgação | Lucasfilm

TítuloIndiana Jones and the Dial of Destiny (Título original)
Ano produção2021
Dirigido porJames Mangold
Estreia
29 de junho de 2023 (Brasil)
Duração 112 minutos 
Classificação14 - Não recomendado para menores de 14 anos
Gênero
Ação - Aventura 
País de Origem
Estados Unidos
Sinopse

O lendário herói arqueólogo está de volta neste aguardado capítulo final da icônica franquia, uma incrível e empolgante aventura cinematográfica.

• Por Alisson Santos
• Avaliação - 7/10

Após quinze anos, Harrison Ford voltou a interpretar, pela última vez, seu personagem mais famoso. Indiana Jones e a Relíquia do Destino é o primeiro capítulo da franquia sem direção de Steven Spielberg. Dessa vez, James Mangold tomou as rédeas da saga, desenvolvendo uma última aventura para o famoso arqueólogo, desta vez durante os anos sessenta. É uma mudança que poderia ter sido desastrosa para o personagem, mas depois de quão divisivo foi Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, talvez pudesse ser uma lufada de ar fresco. Especialmente porque é a despedida final desse personagem, não existe Indiana Jones sem Harrison Ford. Posso dizer com alguma confiança que Indiana Jones e a Relíquia do Destino é….bom. Sim, falta o talento e o olho incrível para a ação que Steven Spielberg injetou. E sim, o roteiro toma certas decisões criativas durante o terceiro ato que certamente irão incomodar algumas pessoas. Mas se tem uma coisa que Indiana Jones e a Relíquia do Destino consegue fazer é divertir. Divirta-se e vamos dizer "adeus" a Indiana Jones uma última vez.

Desde o início, o filme prova não ser exatamente igual aos seus antecessores; a transição do logotipo da Paramount para uma montanha real (ou algum outro objeto) foi substituída. E desta vez, começamos com um “flashback” aos anos 40, com um jovem Indiana Jones interpretada por uma versão deepfake de Harrison Ford. É a primeira decisão arriscada que James Mangold e companhia tomam, e funciona... até certo ponto. Essa versão parece extremamente convincente em 70% do tempo, exatamente como o personagem durante suas três primeiras aventuras. Os outros 30%… bem, parece mais um personagem de algum jogo do que qualquer outra coisa.

Mas o que acontece no prólogo ? Serve basicamente para nos apresentar a relíquia do título: O Mecanismo de Anticítera, objeto que os nazistas, parcialmente liderados pelo sinistro cientista Jürgen Voller (Mads Mikkelsen), procuram para vencer a guerra. Após uma longa perseguição em um trem, Indiana Jones e seu colega Professor Basil Shaw (Toby Jones) conseguem se apossar do lendário mecanismo, aparentemente derrotando Voller. É assim que eles conseguem salvar o dia, evitando que Hitler consiga o aparelho e consiga vencer a guerra no último minuto. Depois disso, avançamos para uma Indiana Jones na década 60; agora ele mora sozinho em um apartamento, ainda lecionando em uma universidade, mas cansado da pouca atenção que seus alunos lhe dão. Sua rotina monótona é interrompida, porém, pela chegada de sua afilhada, que não via há mais de quinze anos: Helena (Phoebe Waller-Bridge), filha de Basil Shaw, veio pedir-lhe metade de Anticítera que ele tem. Ela parece interessada apenas em dinheiro, mas seus perseguidores, novamente liderados por Voller, estão convencidos de que, se conseguirem juntar as duas metades do dispositivo, poderão corrigir o que acreditam ter sido erros do passado. É assim, então, que Indiana e Helena embarcam em uma nova aventura, ambas para encontrar a outra metade do mecanismo.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino tem uma falha notável, é que parece uma experiência muito ampla. Por ser o capítulo mais longo da franquia, tem algumas sequências que poderiam facilmente ter sido encurtadas para dar um ritmo mais consistente à história. O segundo ato, em particular, no qual nossos protagonistas se envolvem em inúmeras perseguições, encontrando repetidamente Voller e seus capangas, parece um tanto tedioso. O filme tem a estrutura que se espera de qualquer filme de Indiana Jones, só que esticada. Tenho certeza de que alguns espectadores perderão a paciência em alguns momentos. O que, felizmente, não quer dizer que o filme seja ruim. De fato, James Mangold faz um bom trabalho com a ação – destaca-se o já mencionado prólogo de 1944, uma perseguição durante as comemorações do pouso na lua, outra em Tânger (Marrocos) e outra no ar. Harrison Ford já pode estar com oitenta anos, mas parece bastante crível nesses momentos, o filme aceitando a idade de seu protagonista, fazendo com que ele receba a ajuda de personagens como Helena ou Teddy Kumar (Ethann Isidore), um menino que, infelizmente, nunca é tão memorável quanto Short Round.

Divulgação | Lucasfilm

Como sempre, Harrison Ford está ótimo como Indiana Jones. O filme é sobre um homem fora do tempo, que talvez não seja tão relevante quanto antes em um mundo em constante evolução. É graças a essa última aventura que Indiana Jones consegue recuperar a sua autoconfiança e relevância, percebendo que ainda tem pessoas que o amam e que merece fazer parte deste mundo. Do elenco de apoio, quem mais se destaca é Helena, de Phoebe Waller-Bridge. Ela é uma excelente contrapartida da Indiana Jones; uma mulher forte e intrépida. Na verdade, parece uma versão feminina do Indiana Jones que vimos em filmes como Templo da Perdição; alguém interessado apenas em sua própria sobrevivência, que aos poucos tem que aprender a pensar mais nos outros. Por outro lado, Mads Mikkelsen está excelente como Jürgen Voller, ele é mais do que um nazista estereotipado, pois o desenvolve como um homem com uma obsessão, determinado a corrigir os erros do passado. Além disso, assim como os quatro filmes anteriores incluíram cenas com cobras, insetos, ratos e formigas, respectivamente, o quinto filme nos oferece enguias, e até uma pequena homenagem aos insetos de Indiana Jones e o Templo da Perdição.

Agora, se há algo que certamente vai dividir o público, é o terceiro ato desse filme. Alguns vão admirar sua audácia, enquanto outros não serão capazes de aceitar como as coisas ficam loucas. Posso imaginar James Mangold e os roteiristas lendo as reclamações dos fãs sobre os alienígenas no último filme e dizendo: "se você achou estranho, não viu nada!" Para este crítico, não há nada mais louco do que uma Arca que derrete rostos, um Santo Graal que concede a vida eterna ou, claro, Aliens que derretem o cérebro das pessoas. Resta ver o que vai acontecer com o público em geral. E mesmo que o filme vá afastar alguns com os acontecimentos de seu terceiro ato, duvido que eles vão reclamar muito das últimas cenas. A conclusão de Indiana Jones e a Relíquia do Destino é apropriadamente nostálgica e emocional, trazendo um fim definitivo para suas aventuras e ao arco do personagem dentro da trama. Não quero incluir grandes spoilers, claro, então direi apenas que deixamos Indiana Jones como um homem mudado, mas que não perdeu sua essência, e que a última cena de todo o filme é simplesmente ótima.

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