O que deu errado para Furiosa: Uma Saga Mad Max? Resumimos isso em quatro fatores

Divulgação | Warner Bros. Pictures

• Por Alisson Santos

2024 parece cada vez mais uma carnificina de bilheteria, especialmente em comparação com Barbenheimer do ano passado. O último sinal de que Hollywood enfrentará uma jornada difícil este ano é o filme de George Miller, Furiosa: Uma Saga Mad Max, que após sua estreia em Cannes e seu lançamento nos cinemas ficou abaixo das expectativas para seu fim de semana de estreia.

Furiosa: Uma saga Mad Max até liderou o fim de semana prolongado de 4 dias do Memorial Day, mas com baixíssimos U$ 32.3 milhões. É o resultado de Memorial Day mais baixo para uma estreia nº 1 em 40 anos, a última vez que um filme nº 1 estreou com menos de U$ 33 milhões durante este feriado de 4 dias foi Star Wars: O Retorno de Jedi com U$ 30.5 milhões em 1983. No ano passado, a versão live-action de A Pequena Sereia da Disney arrecadou U$ 118 milhões no mesmo ponto. No ano anterior, Top Gun: Maverick foi lançado com impressionantes U$ 160 milhões no fim de semana do Memorial Day. Nesse ritmo, o novo filme de George Miller, precisará de um milagre para conseguir fazer 2.5x o orçamento relatado de U$ 168 milhões.

Embora seja muito cedo para chamar Furiosa de um fracasso histórico, considerando que o destino global do filme nas bilheterias ainda está no ar, seu atual fracasso financeiro prejudica os planos de Miller de continuar a saga, já que ele já havia anunciado planos de fazer um sexto filme. Seu desempenho insatisfatório também estimula o temor de que os cinemas se tornem um deserto neste verão. O desespero está forte em Hollywood, e todos os olhos estarão voltados para Divertida Mente 2, Meu Malvado Favorito 4 e Deadpool & Wolverine, filmes que devem trazer um alento para os exibidores.

Então, o que deu errado para Furiosa: Uma Saga Mad Max? Resumimos isso em quatro fatores.

O MARKETING FOI BOM O SUFICIENTE?

"Medíocre!" O primeiro trailer fez o filme parecer mais CGI e tela verde em comparação com Estrada da Fúria, no qual Miller alcançou uma fusão quase perfeita de cinema digital e prático. Pelos teasers e pôsteres sem brilho, Furiosa parecia não ter o tato corajoso de seu antecessor e isso prejudicou o filme, já que houve pouco burburinho nas redes sociais em torno do lançamento. E mesmo algumas ótimas críticas de não conseguiram influenciar o público casual.

Divulgação | Warner Bros. Pictures 

A ESPERA FOI MUITO LONGA?

Já se passaram nove anos desde de Mad Max: Estrada da Fúria, e é possível argumentar que Furiosa excedeu sua janela de lançamento para que o público se importasse. Isso não é culpa de George Miller, já que o filme estava pronto para ser filmado logo após Estrada da Fúria e ficou no limbo por anos devido ao processo de Miller contra a Warner Bros. e ao próprio desempenho insatisfatório de Estrada da Fúria nos cinemas. No entanto, um lançamento quase uma década depois de despertar o apetite por ação selvagem é muito longo para o público moderno.

PRECISÁVAMOS DE FURIOSA?

Esta é a questão central dos problemas da Furiosa, e a resposta é: Não.

O ato de fazer um filme ambientado no passado não é atrativo e ninguém estava pedindo isso. Uma continuação das aventuras de Furiosa na Cidadela ou o pesadelo contínuo de Max no deserto, com Charlize Theron e Tom Hardy retornando para mais? Claro. Mas uma história preenchendo as lacunas antes dos eventos de Estrada da Fúria e abandonando Max por completo? É uma venda mais difícil. O público evitou histórias de origem como Han Solo: Uma História Star Wars e Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, todos com desempenho muito inferior aos filmes da franquia principal e deram um sinal claro; chega de histórias ambientadas no passado.

Furiosa é, em última análise, outro caso de uma história de fundo desnecessária que desmistifica os personagens e pressupõe que o público está ávido por detalhes de fundo e de construção do universo. Assim como o caminho que a franquia Star Wars escolheu trilhar, a saga Mad Max olha para o passado com Furiosa, em vez de pisar fundo no acelerador com uma continuação direta que teria sido a melhor opção. Na real, essa franquia nunca foi uma grande fenômeno de bilheteria, mas com certeza um filme contínuo aos eventos de Estrada da Fúria atrairia mais atenção.

QUESTÕES MAIS AMPLAS 

A bilheteria assombrosa de Furiosa reflete problemas mais amplos que Hollywood e a indústria cinematográfica como um todo enfrentam. Furiosa é o mais recente de uma longa linha de filmes de baixo desempenho, assim como O Dublê deste ano, estrelado por Ryan Gosling e Emily Blunt, que deveria estar ganhando muito mais dinheiro considerando sua recepção.

O principal problema são os hábitos de consumo. Desde a pandemia, o tempo de espera entre o término da exibição de um filme nos cinemas e o lançamento digital está cada vez mais reduzido. É esse tempo de espera cada vez menor que está fazendo com que muitos públicos parem de gastar dinheiro em favor de opções mais baratas. É uma situação preocupante, se grandes blockbusters como Furiosa não conseguem atrair espectadores aos cinemas, mesmo com recepção positiva, então que esperança têm outros lançamentos?