Crítica | Tarô da Morte - Brincar com essas cartas da morte seria mais interessante do que encarar essa história uma segunda vez.

Divulgação | Sony Pictures

TítuloTarot (Título original)
Ano produção2023
Dirigido porSpenser Cohen, Anna Halberg
Estreia
16 de maio de 2024 (Brasil)
Duração 93 Minutos
Classificação14 - Não recomendado para menores de 14 anos
Gênero
Suspense - Terror
País de Origem
Estados Unidos
Sinopse

Quando um grupo de amigos irresponsavelmente viola a regra sagrada da leitura de tarô, a de nunca usar o deque de outra pessoa, eles libertam um mal inominável que estava preso nas cartas. Um por um, eles encaram seu destino e acabam em uma corrida contra a morte para escapar do futuro previsto para eles nas cartas.

• Por Daniel Pereira
• Avaliação - 4/10

Um grupo de jovens em uma casa alugada, muita cerveja e um tarô amaldiçoado em um porão abandonado, o que poderia dar errado não é mesmo? Filmes de terror são conhecidos por começarem suas histórias com um grupo de pessoas, que parecem não saber usar o cérebro, mas nesse caso em específico, aparentemente nossos queridos personagens não tinham o que temer. Ambientado em um lugar de descontração o filme nos conduz a um cenário de amizade, tensões, paixão e corações quebrados, talvez esses sentimentos foram os catalisadores para o desenvolvimento do filme. Construído ao redor de uma simples leitura de Tarô combinado com uma pitada de astrologia, podemos ver um grupo de jovens descobrindo o que o destino lhes reserva, alguns são agraciados com respostas enigmáticas, mas por qual motivo deveriam acreditar, não é mesmo?

Uma leitura é apenas uma leitura, até que ela deixe de ser, e isso é o que o filme tenta nos mostrar no início, já que não há consequências imediatas, apenas risos e algumas tentativas de sustos para pregar peças em quem está assistindo. Porém, quando de fato os detalhes das previsões começam a acontecer, a atenção finalmente consegue ser captada até acontecer a primeira morte. Talvez a parte mais incômoda sejam os clichês abordados no decorrer do filme, falta criatividade nos momentos de tensão, como se você estivesse em um loop infinito, todos já viram uma cena de suspense na banheira, assim como já viram cenas em excesso em porões. Essa falta de criatividade é o que mata o ritmo do filme, apesar de até se esforçarem um pouco na primeira morte, sendo a primeira vez que vejo alguém morrer esmagada por uma escada de porão.

Divulgação | Sony Pictures

Infelizmente o filme não consegue gerar impacto com as mortes em função dos cortes secos, respingos de sangue aleatórios não tem o mesmo efeito que ver um corpo sendo dilacerado, ou ver alguém sendo atropelado por um trem. Essa falta de um toque visceral acaba por não gerar o sentimento de medo ou terror, mas sim de tédio já que em momento algum você será surpreendido, exceto se estiver distraído em alguma das tentativas de jumpscare que depois de cinco minutos se tornam previsíveis. A ideia de um Tarô amaldiçoado que traz a tona apenas o lado sombrio do destino é algo muito interessante, ver cartas malignas ganhando vida realmente é algo que eu estava ansioso para ver, e por um certo tempo eu acreditei que poderia ser surpreendido. Notoriamente não poderia estar mais enganado, e o único sentimento que esses "monstros" conseguiram me causar foi estranheza e vergonha.

A maquiagem aplicada em algumas criaturas parece algo que você encontra em um parque temático de baixo orçamento, e o uso de pouca luz ainda assim não consegue disfarçar o quanto o trabalho é mal executado. Se a maquiagem em si já era ruim, o CGI consegue ser pior, simplesmente parece que pegaram o monstro de Wandinha e fizeram uma reciclagem tosca com um aglomerado de ideias que deveriam ter sido descartadas. Conforme esperado, um filme de Tarô não poderia existir sem uma bruxa, no caso uma astróloga, mas nem mesmo ela que deveria ser um ponto importante da história, não consegue ser uma constante no filme, já que sua história é mais do mesmo e seu final é exatamente como tantos outros vilões que não passam de espíritos amaldiçoados.

Apesar de tantos pontos negativos, existem certos destaques no filme que me deixaram satisfeito, como a ênfase em cada leitura de Tarô estando atrelada a maneira como cada indivíduo iria morrer. As características dos signos de cada um que os condena a morte, algo que eles tentam lutar contra e ainda assim não conseguem. Esses pequenos estereótipos fazem toda a diferença, e percebemos essas características em cada um como uma pisciana distraída, um leonino vaidoso, um capricorniano que adora uma boa grana e a infame aquariana que tinha que ser a diferentona que sabia ler Tarô.

Divulgação | Sony Pictures 

Ainda que nem todo elenco tenha o mesmo tempo de tela, os que se destacam possuem um carisma nato, em especial Jacob Batalon e Avantika Vandanapu, eles foram o motivo pelo qual consegui gostar um pouco desse filme. Mesmo que seja catalogado como um filme de terror e comédia, os momentos que te fazem rir são tão escassos que sequer deveria ser considerado comédia, principalmente pela parte cômica estar concentrada unicamente em Jacob Batalon, então não espere grandes momentos cômicos, eles são tão escassos quanto o terror de fato.

Sendo bem sincero este é um filme para um dia de domingo quando você estiver sem qualquer opção, e não quiser ter que se forçar a prestar atenção em algo. Obviamente você não vai odiar o filme, mas também não vai amar, exceto se estiver sem critério algum. No entanto, brincar com essas cartas da morte seria mais interessante do que encarar essa história uma segunda vez.

Tarô da Morte estreia em 16 de maio nos cinemas nacionais.

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