Crítica | Matador de Aluguel - O filme até incorpora algumas técnicas interessantes para filmar a ação, mas ele peca no tom entre sinceridade corajosa e estupidez consciente.

Divulgação | Prime Video

TítuloRoad House (Título original)
Ano produção2022
Dirigido porDoug Liman
Estreia
21 de março de 2024 (Brasil)
Duração 203 Minutos
Classificação16 - Não recomendado para menores de 16 anos
Gênero
Ação 
País de Origem
Estados Unidos 
Sinopse

Nesta reimaginação cheia de adrenalina do clássico cult dos anos 80, o ex-lutador do UFC Dalton (Jake Gyllenhaal) consegue um emprego como segurança em uma estalagem em Florida Keys, apenas para descobrir que este paraíso não é tudo o que parece.

• Por Alisson Santos
• Avaliação - 4/10

O recente filme de Jason Statham, Beekeeper: Rede de Vingança, é, pelo menos para mim, o melhor exemplo recente de um cineasta que aperfeiçoa o equilíbrio entre sinceridade corajosa e estupidez consciente, mas em seus melhores momentos, o remake de Matador de Aluguel de Doug Liman não sabe muitas vezes qual caminho seguir. Tem várias cenas que provocam risadas intencionais ao mesmo tempo em que atendem a uma narrativa séria. O diretor sabe o quão bobo isso é, mas não consegue investir com tanta clareza o tom que ele quer para o seu filme.

O mais forte dos méritos deste remake, é o desempenho de Jake Gyllenhaal. Seu personagem, Elwood Dalton, é apresentado como um homem extremamente perturbado. Você não precisa das repetidas sequências de flashback sugerindo a eventual revelação da história de fundo para descobrir que Dalton age de forma tão contida porque está reprimindo uma capacidade de brutalidade que lamentavelmente liberou no passado e terá que liberar novamente para proteger uma Taberna. Ele não é um personagem profundo, mas mesmo sendo bidimensional o torna mais interessante do que os vilões de desenho animado que ele enfrenta. A subtrama romântica entre Dalton e a médica local Ellie (Daniela Melchior) se mostra tão esquecível que mal merece ser mencionada.

Enquanto Jake Gyllenhaal atinge o equilíbrio certo, Matador de Aluguel começa a vacilar no segundo ato, à medida que o filme em torno dele gradualmente começa a levar o material menos a sério. Isso culmina com a introdução de Knox, interpretado pelo ex-lutador do UFC Conor McGregor. O problema imediatamente óbvio é que McGregor, para ser franco, não sabe atuar, ele apresenta cada linha do diálogo como faria com um oponente no octógono ou em uma coletiva de imprensa, inclinando-se para a teatralidade como se ainda estivesse no UFC. À medida que seu personagem é apresentado pela primeira vez saindo de uma casa completamente nu, a dificuldade crescente do diretor em manter o tom certo torna-se uma missão impossível antes mesmo de ele abrir a boca. Inegavelmente, Conor McGregor é um homem com uma presença fisicamente intimidante, mas ele é introduzido ridiculamente em uma cena prolongada, minando instantaneamente qualquer ameaça que ele possa representar. É certo, porém, que mesmo que esta cena fosse eficaz na introdução do personagem, seria prejudicada pela péssima atuação de McGregor.

Divulgação | Prime Video 

Apesar de ter um orçamento de U$ 85 milhões, o filme parece estranhamente barato. O design de produção é pífio e, graças a alguns CGI óbvios, algumas cenas de ação não passam qualquer aspecto real. Uma cena específica, uma tentativa de atropelamento, é um ponto alto da mediocridade visual. Há uma coreografia bacana nas lutas violentas, o diretor filma várias de suas cenas reorientando constantemente o ângulo da câmera a cada soco de seus atores, minando a coreografia simples, por meio da fotografia que sugere suavização no movimento. É como se o filme aumentasse artificialmente o frame rate, inserindo quadros calculados, que não existem, entre dois outros quadros, gerando sequências com uma percepção mais suave. É uma escolha criativa interessante, mas que me distanciou do que deveriam ser sequências mais brutais.

Talvez a maior falha de Matador de Aluguel de 2024 seja a pouca razão que dá ao público para se preocupar com o destino da própria Taberna. Obviamente, é tudo muito cru e artificial, nada nesse enredo é dramatizado com eficácia suficiente para inspirar investimento real do tempo do espectador e do próprio protagonista.

Matador de Aluguel está chegando hoje ao Prime Video.

Comentários

  1. Acompanho vocês há algum tempo e preciso dizer...parabéns, todas críticas de vocês são muito bem argumentadas.

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