Crítica | Kung Fu Panda 4 - É uma coleção de pequenos erros que carece da graça e do enorme coração dos filmes que fizeram da saga uma das favoritas da cultura pop.

Divulgação | Universal Pictures

TítuloKung Fu Panda 4 (Título original)
Ano produção2022
Dirigido porMike Mitchell
Estreia
21 de março de 2024 (Brasil)
Duração 94 Minutos
Classificação10 - Não recomendado para menores de 10 anos
Gênero
Animação - Aventura - Ação - Comédia 
País de Origem
Estados Unidos 
Sinopse

Depois de três aventuras arriscando sua própria vida para derrotar os mais poderosos vilões, Po, o Grande Dragão Guerreiro é escolhido para se tornar o Líder Espiritual do Vale da Paz. A escolha em si já problemática ao colocar o mestre de kung fu mais improvável do mundo em um cargo como esse e além disso, ele precisa encontrar e treinar um novo Dragão Guerreiro antes de assumir a honrada posição e a pessoa certa parece ser Zhen uma raposa com muitas habilidades, mas que não gosta muito da ideia de ser treinada. Como se os desafios já não fossem o bastante, a Camaleoa, uma feiticeira perversa, tenta trazer de volta todos os vilões derrotados por Po do reino espiritual.

• Por Alisson Santos
• Avaliação - 5/10

A saga do Kung Fu Panda distingue-se por ir do menos ao mais. Em seu primeiro capítulo, lançado em 2008, ninguém previa que as aventuras do panda gigante, se tornariam sucesso de bilheteria e crítica. Principalmente por seu herói titular, em busca de um propósito e um lugar no mundo. O panda desajeitado e de coração enorme conquistou o público. O restante das histórias da franquia se aprofundou em sua vida e na dos demais heróis ao seu redor, com bom humor amigável. Por isso, é surpreendente que Kung Fu Panda 4 se afaste de tudo isso, em favor de incluir um panorama completamente novo. O filme de Mike Mitchell se afasta daquele sentimento de equipe em crescimento. O que inclui eliminar quase completamente os Cinco Furiosos e tentar focar no amadurecimento de Po na busca do seu sucessor. Mas o que poderia ser algo interessante, logo é esquecido. Isso, em benefício de uma aventura muito apressada e artificial. 

O roteiro de Jonathan Aibel, Glenn Berger e Darren Lemke abandona o tom de cumplicidade e humor, para colocar um dilema. A forma como Po dará lugar a uma nova geração. Ou melhor, um substituto. Na verdade, os primeiros minutos da produção deixam claro que esse processo o levará a repensar a sua vida, tal como a conhece. Tudo porque ele abandonará ser o Dragão Guerreiro, terá que trabalhar para encontrar uma forma de herdar o que aprendeu. Algo que nos permitisse explorar um pouco do que Po fez nesse tempo todo ou para onde está indo, com novas responsabilidades a bordo.

Divulgação | Universal Pictures 

Mas Kung Fu Panda 4 desmorona quando precisa ligar os pontos. Em primeiro lugar, refrescar a memória do público, quando já se passaram oito anos desde o lançamento do terceiro filme e dezesseis desde o primeiro. A trama então se torna genérica ao contar tudo o que Po passou para chegar onde está agora. Ao mesmo tempo, deixa claro que esta é a despedida do personagem, que passará o bastão para uma nova geração. Porém, essa transição, que poderia ter sido feita com sutileza e ser mais emocionante do que uma coletânea de clichês preguiçosos, tornando o primeiro trecho do filme mais enfadonho do que o necessário.

Isso, em essência, porque Po atua mais como mestre de cerimônias do filme, encarregado de apresentar os novos personagens. Logo, o simples conflito é resolvido numa marcha forçada. Po deve encontrar seu substituto e, assim que o encontrar, treiná-lo para lhe dar as mesmas oportunidades que ele teve. A trama então caminha para a ideia de predestinação ou como a tocha do Dragão Guerreiro é uma herança de cuidado. Contudo, o argumento não avança muito naquele que deveria ser o seu ponto central. Mais interessada em mostrar que Po está pronto para se afastar em favor de seu pupilo, a trama perde tempo em deixar bem claro que não há outra possibilidade. Mas o que poderia ter parecido emocionante, amigável ou, na melhor das hipóteses, comovente, tem mais um ar apressado e com demasiados pontos em comum, tanto visualmente como narrativamente, com a sua fraca terceira parte, mas avançando de forma desordenada. 

O que é mais lamentável é que Kung Fu Panda 4 errou em um dos seus principais pontos: a vilã. A Camaleoa é mostrado de maneira semelhante ao experimento visual da DreamWorks para o Lobo (Morte) em Gato de Botas 2: O Último Pedido. Porém, em vez de criar uma atmosfera que torne a adversária um ponto temível, ela é diluída pelo uso de um humor tedioso e insípido. A Camaleoa, permanece incompleta, com um desenvolvimento pífio e muito abaixo dos outros vilões da franquia.

Divulgação | Universal Pictures

No final, Kung Fu Panda 4 possui alguns bons pontos. Lutas, humor e um momento de elevação espiritual com pensamentos intrusivos que me tirou boas risadas. O que faz com que o filme inteiro pareça apenas uma desculpa para manter o interesse pela saga com seu público alvo que ainda não formou seu senso crítico. Principalmente por ter um certo ar anacrônico se comparado aos outros experimentos mais arriscados do estúdio. A animação não corre grandes riscos e neste momento lembra muito o criticado terceiro filme.

Além disso, é triste que a maioria dos Cinco Furiosos não tenha destaque. A explicação para a sua ausência é vaga e quase ridícula. Portanto, a sensação de vazio que eles deixam no roteiro, que deve focar, não importa o que aconteça, em Po e Zhen, é uma das piores escolhas possíveis. Porque a Zhen não possui um desenvolvimento satisfatório que faça você enxergar ela como uma predestinada do acaso como enxergamos o Po no primeiro filme. São raras as subtramas e as poucas que existem têm muito preenchimento que não leva a lugar nenhum. Apenas o retorno de Tai Lung é apreciado nos pontos mais fracos. Mas é mais pela nostalgia do que pelo aproveitamento do personagem dentro do enredo. Talvez por tudo isso, o filme decepciona, e em mais de um aspecto. A verdade é que Kung Fu Panda 4 é uma coleção de pequenos erros que carece da graça e do enorme coração dos filmes que fizeram da saga uma das favoritas da cultura pop.

Kung Fu Panda 4 estreia no dia 21 de março nos cinemas nacionais.

Comentários

  1. As cenas internacionais já me desanimaram completamente.

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  2. Saulo Conceição16 março, 2024 09:45

    Dalenogare também falou que é o mais fraco da franquia.

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  3. Verônica Ribeiro18 março, 2024 08:42

    Eu realmente não esperava algo diferente. Eu já achei o trailer ruim.

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