Crítica | Dias Perfeitos - Um estudo perfeito das profundezas da alma humana, desafiando o espectador a explorar a própria essência da vida e da ligação num contexto marcado pela velocidade e pela distância emocional.

Divulgação | O2 Play

TítuloPerfect Days
Ano produção2022
Dirigido porWim Wenders
Estreia
29 de fevereiro de 2024 (Brasil)
Duração 123 Minutos
Classificação12 - Não recomendado para menores de 12 anos
Gênero
Drama
País de Origem
Japão
Sinopse

Hirayama leva uma vida feliz, conciliando seu trabalho como zelador dos banheiros públicos de Tóquio com sua paixão por música, literatura e fotografia. Sua rotina estruturada é lentamente interrompida por encontros inesperados que o forçam a se reconectar com seu passado.

• Por Alisson Santos
• Avaliação - 10/10

Há muitas maneiras pelas quais Dias Perfeitos poderia ter dado errado. Mesmo nas mãos de um cineasta como Wim Wenders, um filme tão simples poderia facilmente parecer inútil e pretensioso. Indiscutivelmente, a maioria dos filmes que tentam isso acabaria com esse tipo de resultado. Então, parabéns ao diretor por ter conseguido entregar um filme tão humano. 

Em Dias Perfeitos, acompanhamos Hirayama (Kôji Yakusho), um homem de meia-idade contemplativo que vive uma vida modesta e serena, passando os dias equilibrando seu trabalho de zelador dos numerosos banheiros públicos de Tóquio com sua paixão pela música, literatura e fotografia. À medida que nos juntamos a ele na sua rotina diária metódica, uma série de encontros inesperados começa gradualmente a revelar um passado oculto em sua vida feliz e harmoniosa.

A rotina aparentemente imutável desse homem é apresentada como um ciclo eterno, onde a repetição se torna uma constante. Esse ciclo não apenas estrutura a sua vida física, mas também reflete a sua interioridade, onde a monotonia se confunde com a busca de sentido e conexão em um mundo aparentemente mundano. A repetição das ações e a familiaridade do ambiente não só proporcionam estabilidade, mas também servem de palco para explorar as complexidades da alma humana, revelando camadas de saudade, nostalgia e busca de sentido.

Divulgação | O2 Play

A entrada na narrativa da sobrinha de Hirayama, Niko (Arisa Nakano), e mais tarde de Keiko (Yumi Asou), sua irmã de classe alta, desencadeia um dilema fundamental que vai além da simples interação familiar. Suas presenças provocam profunda reflexão e o inevitável sentimento de solidão que cerca o protagonista. Através deste vínculo, a narrativa mergulha em temas universais de angústia e vulnerabilidade, questionando a própria essência da felicidade e da conexão humana.

A fotografia de Franz Lustig reside não apenas na criação de imagens esteticamente atraentes, mas na sua capacidade de mergulhar o espectador na atmosfera de Tóquio com uma profundidade emocional tangível. Cada quadro e composição visualmente marcante serve não apenas como elemento estético, mas como um meio de explorar as complexidades psicológicas dos personagens, bem como o próprio ambiente urbano. Dias Perfeitos é um estudo perfeito das profundezas da alma humana, desafiando o espectador a explorar a própria essência da vida e da ligação num contexto marcado pela velocidade e pela distância emocional.

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