Crítica | Wonka - É uma deliciosa história cantada que diverte e emociona na medida certa, um verdadeiro sonho doce que faz jus ao clássico sem alterar sua verdadeira essência.

Divulgação | Warner Bros. Pictures

TítuloWonka (Título original)
Ano produção2022
Dirigido porPaul King
Estreia
07 de dezembro de 2023 (Brasil)
Duração 116 Minutos
Classificação12 - Não recomendado para menores de 12 anos
Gênero
Fantasia - Musical - Comédia 
País de Origem
Estados Unidos 
Sinopse

Baseado no extraordinário personagem central de A Fantástica Fábrica de Chocolate, o livro infantil mais icônico de Roald Dahl, Wonka conta a maravilhosa história de como o maior inventor, mágico e fabricante de chocolate do mundo se tornou o amado Willy Wonka que conhecemos hoje.

• Por Daniel Pereira
• Avaliação - 9/10

Wonka não é um filme sobre uma fantástica fábrica de chocolates e um bilhete premiado, mas é sobre uma história de sonhos e desafios, e encontrar o verdadeiro significado do que realmente importa através das coisas mais simples. Nessa história acompanhamos o surgimento e a evolução do talentoso Willy Wonka (Timothée Chalamet), um chocolateiro que passou anos vivendo no mar e explorando os mais exóticos sabores, para poder criar chocolates que fossem únicos. Diferente do que o público está habituado, esse Willy não é rico e famoso, mas um perfeito e inocente anônimo que deseja vender chocolate, e facilmente foi devorado e enganado por seus concorrentes e trapaceiros que se aproveitam de sua ingenuidade.

Um dos pontos-chave do filme, é a questão da concorrência esmagadora e como a ganância pode arruinar vidas. Ainda que o filme não fale diretamente sobre dinheiro, é possível interpretar que o chocolate assume um papel como moeda de troca, e a trama gira em torno disso, sendo o chocolate uma forma de suborno direto tanto para a polícia quanto para a igreja, algo que vemos acontecer no mundo real e que o filme consegue trazer de forma divertida, apesar de ser um ponto extremamente sério quando enxergamos por uma ótica mais realista.

A história em si, é muito bem construída com momentos musicais perfeitos, de modo que toda canção inserida no filme não parece perdida, o que acaba por não tornar a imersão algo entediante, a menos que não goste de filmes musicais. Ainda que não seja um filme sobre uma história que conhecemos, Wonka consegue trazer belos visuais regados de realidade e fantasia que parecem culminar em uma amálgama perfeita. Assistir cada cena é como sonhar e vivenciar uma doce experiência, e até mesmo os momentos de normalidade trazem uma alegria genuína com cenas engraçadas seja através do diálogo ou simplesmente com a presença dos personagens.

Abordando diretamente a questão dos personagens, Chalamet se aventura em um papel cômico e foge totalmente do tipo de atuação que estamos acostumados. Ainda que seja uma novidade ver o ator sob essa nova perspectiva, Chalamet consegue entregar uma ótima atuação capturando a essência de um Willy Wonka, ainda que esteja mais jovem, mas isso acaba por adicionar mais camadas ao personagem mostrando uma jornada de crescimento. Apesar de muita alegria e cantorias, o filme possui momentos decerto drama e a atmosfera consegue gerar uma comoção e emocionar o público.

Divulgação | Warner Bros. Pictures 

Falando mais abertamente sobre outros personagens do filme, um grande destaque vai diretamente para Dona Alva (Olivia Colman), que assume o papel de dona de uma lavanderia e hospedaria com seu comparsa Esfregão (Tom Davis). As cenas com Colman são um verdadeiro deleite sob a pele de uma vilã caricata, e Tom Davis é a adição perfeita da parceria rendendo momentos divertidamente engraçados e que gera um certo apego a essa dupla de vigaristas. Outro grande destaque está atrelado a Noodles (Calah Lane) sendo a principal parceira de Wonka, acreditando em seu sonho e sendo sua mais fiel apoiadora. As cenas de Calah e Timothée são leves e divertidas, sendo notável o entrosamento entre ambos resultando em uma amizade verdadeira e que se fortalece a cada nova cena em que os vemos juntos.

As demais adições do elenco como o infame Cartel do Chocolate composto Slugworth, Fickelgruber e Prodnose (Paterson Joseph, Mathew Baynton e Matt Lucas) sendo os principais antagonistas de Wonka, se mostram como figuras caricatas e apesar de serem importantes para a história, não são exatamente marcantes em seus respectivos papéis. Mas não posso dizer o mesmo do chefe de polícia vivido por Keegan-Michael Key, que se mostrou um personagem carismático e um perfeito alívio cômico.

Durante o decorrer da história existem muitos momentos de mudanças de cenários, fugas e histórias de fundo que fazem o enredo funcionar, mas que ainda assim deixa algumas dúvidas para os mais atentos, como se ficassem faltando partes que poderiam complementar e enriquecer maiores detalhes do enredo. Ainda que o filme tenha muitos pontos positivos, algo que fará uma certa falta para o público é a presença dos famosos Oompa-Loompas, pois Hugh Grant basicamente é o único que aparece representando a espécie, ainda que vejamos outros em uma determinada cena do filme, mas no restante do tempo Grant assume o papel de representar a todos, embora sua aparição seja curta se comparada a outros personagens.

Apesar dos pequenos pontos que podem ser melhorados, Wonka se mostrou um filme coeso e que em nenhum momento desrespeita o clássico, mas adiciona uma nova perspectiva que enriquece um personagem tão cativante. As referências são agradáveis e agrega positividade a narrativa, trazendo uma certa nostalgia que não é forçada, mas que flui de maneira natural. Além disso, não poderia esquecer da atuação de Sally Hawkins que assumiu o papel da mãe de Willy, e com sua doçura e talento protagonizou uma cena bela e simbólica trazendo uma verdadeira representação do amor entre mãe e filho. Sem mais delongas, Wonka é uma deliciosa história cantada que diverte e emociona na medida certa, um verdadeiro sonho doce que faz jus ao clássico sem alterar sua verdadeira essência.

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