Entrevista | Joëlle Jones - Criadora da Yara Flor, Lady Killer e a primeira mulher a ilustrar quadrinhos do Batman

Divulgação | Joëlle Jones

• Por Alisson Santos

A artista e roteirista norte-americana, Joëlle Jones, desenha algumas das mulheres mais bonitas que você verá em uma página de quadrinho. Joëlle Jones trabalhou em diversos títulos que admiramos na indústria: Mulher-Gato, Batman (a primeira mulher a ilustrar HQs do personagem), Supergirl, Moça-Maravilha (Yara Flor) e Lady Killer. Ela arrumou tempo em sua agenda lotada para conversar conosco e estamos super empolgados em compartilhar algumas questões que ele respondeu sobre seu processo criativo, desenvolvimento da narrativa de Lady Killer e criação da Yara Flor, então continue lendo!

1 - Como é um dia típico de trabalho para você e como é o seu processo criativo?

Um dia de trabalho típico para mim parece bastante monótono sempre que falo sobre isso, mas talvez seja interessante para outras pessoas! Normalmente acordo por volta das 11h e começo a desenhar ou escrever por volta das 14h. Uso o tempo antes do trabalho para fazer tarefas/recados/tempo social/e-mails antes disso. A partir daí é só desenhar o máximo que conseguir, com uma hora de intervalo para jantar, e largar por volta das 3 da manhã. Enxágue, ensaboe e repita! Mas ultimamente tenho tentado tirar um ou dois dias de folga em algum lugar da semana.

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2 - Quais são alguns dos maiores desafios ou frustrações com os quais você teve que lidar ao criar arte?

A coisa mais desafiadora e frustrante que descobri sobre a arte é o quão pouco confiável ela pode ser! Alguns dias, posso sentar em minha mesa e fazer com que tudo se encaixe. Mas outros dias podem ser o extremo oposto. Por mais que eu tente, nada parece dar certo, tudo parece lixo e caminhando no ritmo de um caracol. Este trabalho seria muito mais fácil se eu soubesse de antemão que tipo de dia me espera, mas isso é a vida!

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3 - Adoro seus trabalhos em Lady Killer, Mulher Gato e Moça Maravilha. Até agora, qual é o trabalho mais desafiador e memorável da sua vida?

Obrigada! Eu realmente me emociono e me apaixono por quase todos os projetos em que estou trabalhando, mas para mim continuo esse romance ainda com Lady Killer! Quando estou trabalhando nisso, quase parece uma brincadeira, sem restrições ou regras. É incrível!

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4 - Agora falando exclusivamente de Lady Killer; A história aborda boa parte da segunda onda do feminismo, período de atuação pelos direitos das mulheres que começou nos Estados Unidos e se espalhou por vários outros países ― e que fomentou discussões importantes como a conscientização sobre o uso de métodos contraceptivos e o combate à violência física e assédio sexual tanto em casa como no local de trabalho. O incrível é que você consegue fazer o leitor simpatizar com o assassino – mas espere, ela é uma assassina amoral! Não há pretensão de que esteja servindo a um propósito maior! É profundamente perturbador nesse nível, mas você sabe como afogar o leitor no banho de sangue. Como foi o processo de construção dessa narrativa?

Com Lady Killer, sempre o abordo como se fosse uma narrativa íntima e só eu fosse ler essas edições. Acho que isso pode ser parte do que acho tão gratificante, não há uma cena que eu não queira desenhar e personagens que eu não ame!

Divulgação | Joëlle Jones

5 - Ao criar o visual da Moça Maravilha, você já afirmou que se inspirou no visual da atriz e modelo brasileira Suyane Moreira. Você conhece o trabalho de Suyane Moreira há muito tempo? E como surgiu essa ideia de basear nela a estética da personagem?

Quando eu estava criando o visual de Moça Maravilha, segui o modelo que usei para criar a maioria dos meus personagens originais. Eu crio mood boards ou lookbooks que consistem em muitos elementos que me inspiram, incluindo Suyane e outras atrizes e modelos. Acho que para Yara Flor, tive cerca de quatro ou cinco. Depois de fazer meu painel de sentimentos, trabalho em esboços de conceito para ter uma ideia das coisas, então passo a fazer fichas dos personagens. Depois disso, descubro que realmente não preciso confiar tanto em minhas referências anteriores e o personagem ganha vida própria. Por exemplo, com Josie Schuller de Lady Killer, usei Natalie Wood, Elizabeth Taylor e Virna Lisi, peguei as três, coloquei no liquidificador e agora ela é de vocês. Ou pelo menos, eu gostaria de pensar assim!

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