Crítica | Homem-Aranha: Através do Aranhaverso - Eu acho difícil esse filme não se tornar um dos melhores que você já viu na sua vida.

Divulgação | Sony Pictures 

TítuloSpider-man: Across the Spider-Verse (Título original)
Ano produção2021
Dirigido porJoaquim Dos Santos, Kemp Powers e Justin K. Thompson
Estreia
1 de junho de 2023 (Brasil)
Duração 141 Minutos 
Classificação14 - Não recomendado para menores de 14 anos
Gênero
Animação - Ação - Aventura
País de Origem
Estados Unidos
Sinopse

Depois de se reunir com Gwen Stacy, Homem-Aranha é pego através do Multiverso, onde ele encontra uma equipe de Pessoas-Aranha encarregada de proteger sua própria existência.

• Por Alisson Santos
• Avaliação - 10/10

Superar algo como Homem-Aranha no Aranhaverso parecia algo realmente impossível. Se sua sequência, Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, mostra desde sua primeira cena é que não existe nada insuperável. O filme de Joaquim Dos Santos, Kemp Powers e Justin K. Thompson pega tudo o que tornou o primeiro capítulo grande e o multiplica. Se a mistura de estilos de animação com os diferentes Aranhas do primeiro filme já era surpreendente, o principal desafio da sequência era o quanto aproveitar o multiverso novamente, mas fazendo isso ao contrário: desta vez seria Miles quem se deslocaria pelas diferentes dimensões. Os principais cenários deste filme têm um estilo artístico próprio, que não se limita à paleta de cores, mas também às texturas, linhas e movimentos. Cada universo tem uma personalidade, e essa personalidade é transferida de um universo para outro com o Aranha daquele local. O surpreendente disso é que a equipe do filme conseguiu manter a coesão, como no primeiro. Os personagens são capazes de manter seu estilo individual sem quebrar o todo, e desta vez tudo acontece em um ritmo tão frenético que é incrível como eles conseguiram manter tanto nível de detalhe e criatividade em cada plano. Os novos personagens e cenários exalam tal ambição e cuidado que conseguem surpreender novamente. Eles conseguem elevar a animação a níveis que nunca pensávamos que veríamos. E demonstram, gritam o mais alto que podem, que "animação é cinema". O cinema de super-heróis brilha como nunca graças à essa animação. Se Homem-Aranha: Através do Aranhaverso é o melhor filme recente sobre universos alternativos (porque é), é porque essa equipe sabe do que a animação é capaz, não só visualmente, mas também a nível narrativo.

Nota-se, de fato, que eles estão muito conscientes de que Homem-Aranha no Aranhaverso primeiro chamou a atenção por seu aspecto visual, mas se é considerado por muitos "um dos melhores filmes do Homem-Aranha" é por sua carga emocional e seus personagens. Pela sua história. É por isso que Homem-Aranha: Através do Aranhaverso dá todo o peso a Miles, Gwen e seu crescimento pessoal, de modo que sentimos que o risco, o perigo, é muito maior do que em seu primeiro filme. Nosso protagonista está atuando como Homem-Aranha há mais de um ano, então ele teve que crescer mais rápido do que seus colegas. Apesar disso, ele ainda é um garoto de 15 anos e na puberdade, distante dos pais, sente-se mais adulto do que realmente é. E sente-se sozinho, porque a sua primeira aventura foi vivida rodeado de pessoas que eram como ele. Miles amadurece mais neste filme, que também passa muito tempo se aprofundando em seu relacionamento com seus pais. A família e a responsabilidade da máscara são dois dos pilares da trama. Do outro lado, está Gwen Stacy, que ganha protagonismo e complexidade. Descobrimos muito mais sobre ela para entender todas as decisões que ela tomou e tomará. Ela é o grande destaque de Homem-Aranha: Através do Aranhaverso. O longa entende que é o filme central de uma trilogia, mas longe de ficar como um capítulo pendurado entre o primeiro e o último, aproveita para dar mais importância aos personagens e emoções. Aqui os personagens crescem, as relações avançam enormemente, sabemos o que está em jogo. Cada decisão pesa, e nosso vínculo com Miles e Gwen se fortalece diante de um ritmo intenso.

Divulgação | Sony Pictures 

Homem-Aranha: Através do Aranhaverso dura quase duas horas e meia e, eles sabem perfeitamente como trabalhar o ritmo. A ação aqui é tão frenética que às vezes você não sabe para onde olhar, mas sabe que está vendo algo espetacular, e há cenas tão intensas que não se surpreenda se prender a respiração em alguma delas. Junta-se isso ao um trabalho sonoro invejável. Por mais que seja vendido como um festival de referências, Homem-Aranha: Através do Aranhaverso não sucumbe ao fan service. Além dos easter eggs e participações especiais, introduzidas para que não sejam gratuitas, o filme mais uma vez foca a atenção em um grupo muito específico de personagens. Miles e Gwen são os protagonistas absolutos, e no degrau seguinte encontramos Miguel O'Hara, a Mulher-Aranha (Jessica Drew), Peter Parker e o ótimo Punk-Aranha. O Homem-Aranha 2099, é o mais interessante por causa daquele toque de antagonista e da aura de mistério que o envolve. Mas a verdadeira surpresa é o quanto o Mancha, o principal vilão do filme, é bem alocado dentro da narrativa. Além de ser muito carismático, sua ligação com Miles o torna muito interessante além de ser fundamental na questão do multiverso. 

O filme sabe continuar ampliando a análise do que significa ser o Homem-Aranha, como o primeiro já fez. Se em Homem-Aranha no Aranhaverso a moral era que qualquer um poderia colocar a máscara e ser um herói, desta vez ele quer investigar as motivações para sê-lo. E também encontra maneiras muito inesperadas e inteligentes de se conectar com o primeiro filme para solidificar toda a história, de modo que pareça que o plano para a trilogia estava lá desde o início. Homem-Aranha no Aranhaverso pode continuar a ser apreciado como uma entrega individual e independente, como um filme em si, mas junto com Através do Aranhaverso ele ganha um significado maior, um peso que se sente mais no final. Eles estão tão seguros do caminho que traçaram que não precisam de uma cena pós-créditos. Sinceramente, eu acho difícil esse filme não se tornar um dos melhores que você já viu na sua vida.

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