Crítica | Desaparecida - O filme é um digno sucessor de Buscando, com suas diversas reviravoltas e conclusão chocante.

Divulgação | Sony Pictures 

TítuloMissing (Título original)
Ano produção2021
Dirigido porWill Merrick e Nick Johnson
Estreia
2 de março de 2023 (Brasil)
Duração 111 Minutos 
Classificação14 - Não recomendado para menores de 14 anos
Gênero
Suspense - Mistério - Drama
País de Origem
Estados Unidos
Sinopse

Durante férias na Colômbia, Grace e o seu namorado desaparecem. A sua filha, June quer saber o que aconteceu, mas os seus esforços são bloqueados pela burocracia internacional. Em Los Angeles, a milhares de quilómetros do local do desaparecimento, June utiliza toda a tecnologia que tem disponível ao seu alcance para encontrar a mãe antes que seja demasiado tarde. Quanto mais investiga, mais questões surgem... e ao descobrir os segredos da mãe, percebe que o verdadeiro perigo está bem mais perto de casa do que imaginava.

• Por Alisson Santos
• Avaliação - 7/10

Buscando (2018) recebeu elogios por usar a vida digital para contar a história de um pai usando a tecnologia para encontrar sua filha desaparecida. O filme foi inovador, fresco e narrativamente inventivo. Desaparecida, inverte os papéis com uma filha adolescente acostumada com mídias digitais, June (Storm Reid), em busca de sua mãe, Grace (Nia Long).

Ambos os filmes conseguem retratar de forma realista seus personagens, deixando que suas emoções os dominem enquanto saciam sua curiosidade. Os diretores Will Merrick e Nick Johnson transmitem o bombardeio visual de informações e exposição de forma bastante sucinta, com ritmo vertiginoso e edição precisa. Os cineastas ainda colocam várias referências cinematográficas a thrillers clássicos, como Quando um Estranho Chama (1979), e até incluem uma câmera tirada diretamente de Um Corpo que Cai (1958) mostrado na tela do computador! E eles lançam muitos comentários divertidos que zombam do tear predominante da mídia social, do tribunal da opinião pública e até do surgimento de histórias de crimes reais no cinema e na televisão.

Todas as performances funcionam bem na narrativa com os talentosos atores Ken Leung, Tim Griffin e Nia Long emprestando credibilidade para tornar suas presenças enigmáticas críveis e desarmantes. O destaque do elenco coadjuvante é Joaquim de Almeida, que é adorável como o improvável aliado à causa de June. No entanto, o show é dela, Storm Reid, e ela é mais do que capaz de carregar o peso do filme em seus ombros.

Divulgação | Sony Pictures 

Além do óbvio mistério e tensão frenética, Desaparecida faz um excelente trabalho ao mostrar como a mídia e a autoridade policial encaram casos como esse. Eles não se esquivam de como a mídia difamam mulheres negras que desaparecem. Vemos tiktokers, tweets e vídeos de teóricos da conspiração questionando se Grace fugiu ou não. Há também um momento em que a polícia questiona se June realmente conhecia sua mãe. O filme também alerta para os riscos de viver em simbiose com a tecnologia e para a importância de ter cuidado ao partilhar dados pessoais e confidenciais através de sites com práticas duvidosas de segurança e privacidade.

Quanto às falhas, Desaparecida às vezes se volta para um sentimentalismo irritante. Isso se torna particularmente predominante quando os cineastas contam com a trilha sonora de Julian Scherle, o que é bastante chocante pela temática, o uso de uma trilha sonora não diegética parece deslocado. Alguma restrição também teria sido benéfica quando os cineastas ampliam e reduzem as telas para telegrafar o drama ou sugerir revelações da história. Embora isso talvez seja compreensível, visto que provavelmente é feito para atender aqueles que não são tão apreciadores de mídias sociais. Existem também os artifícios da trama que se acumulam durante o terceiro ato, quando todas as revelações dos personagens acontecem, o que diminui a plausibilidade em alguns momento. Ainda assim, Desaparecida é um thriller emocionante que nos fará ver nossas interações diárias com computadores, celulares e outros dispositivos de tela de uma perspectiva totalmente diferente. O filme é um digno sucessor de Buscando, com suas diversas reviravoltas e conclusão chocante.

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