Crítica | Creed III - É um blockbuster com coração, mente e alma que trata seus personagens, assim como o público, como seres humanos.

Divulgação | Warner Bros Pictures 

TítuloCreed III (Título original)
Ano produção2021
Dirigido porMichael B. Jordan
Estreia
2 de março de 2023 (Brasil)
Duração 116 Minutos 
Classificação12 - Não recomendado para menores de 12 anos
Gênero
Ação - Drama
País de Origem
Estados Unidos
Sinopse

Em Creed III, continuação do longa de 2018, Michael B. Jordan volta a interpretar Adonis Creed. Depois de dominar o mundo do boxe, Adonis Creed vem prosperando tanto na carreira quanto na vida familiar. Quando um amigo de infância e ex-prodígio do boxe, Damian (Jonathan Majors), ressurge depois de cumprir uma longa sentença na prisão, ele está ansioso para provar que merece sua chance no ringue. 

• Por Alisson Santos
• Avaliação - 9/10

Quando Creed III começa, Adonis está lutando contra sua aposentadoria, uma revanche na África do Sul contra seu rival do primeiro filme. Ele está pronto para largar as luvas e continuar sua carreira no esporte como promotor em vez de lutador. Adonis teve uma carreira histórica, é rico, casado com uma estrela do rock (Tessa Thompson retornando como sua esposa Bianca) e tem mais tempo para passar com sua filha Amara (Mila Davis-Kent). Mas, por mais agradável que pareça esse final feliz, no fundo ele ainda é um homem com muitos traumas não processados ​​que nunca teve que aprender a lidar com suas emoções fora do ringue.

Ele é forçado a fazer exatamente isso quando Damian (Jonathan Majors) reaparece em sua vida. Os dois eram próximos quando crianças, mas Damian passou os últimos 18 anos atrás das grades por um crime relacionado a Adonis, cujos detalhes o filme mantém um mistério durante grande parte do tempo de execução. Tudo o que importa é que Damian já foi o mentor mais próximo de Adonis e a coisa mais próxima de uma família que ele já conheceu e, na mente de Damian, Adonis conseguiu viver sua vida de sonho às custas dele.

Seu relacionamento obscuro fornece muito drama desde o início, enquanto Michael B. Jordan e Majors investigam alguns dos conflitos não falados entre os dois homens. Há uma sequência particularmente comovente ambientada em uma lanchonete em que Adonis, sem pensar, oferece ajuda a Damian em um tom que soa suspeitosamente como caridade. O orgulho e o desgosto no rosto de Damian dizem que esse não é o tipo de ajuda que ele deseja. Creed III também se preocupa em mostrar como a fama e a fortuna podem afetar os relacionamentos, mas não podem mudar o passado e não podem mudar como as pessoas se sentem fundamentalmente sobre si mesmas.

Divulgação | Warner Bros Pictures 

Sem se aprofundar muito no território do spoiler, Damian pressiona Adonis, utilizando sua ampla culpa contra ele, para colocá-lo no mapa do mundo do boxe. Quando ele exige uma chance pelo título naquela que seria sua primeira luta profissional e Adonis o lembra de como isso é impossível, o público é deixado para refletir sobre as origens de Rocky e do próprio Adonis, e ver que não é impossível, mas sim um conjunto específico de circunstâncias de sorte que foram concedidas a esses dois protagonistas, mas não a Damian.

Em um nível temático, as questões centrais entre Adonis e Damian são tão convincentes porque, embora ele tenha sido claramente distorcido por suas experiências, Damian tem uma briga legítima com Adonis. Mas ao explorar suas jornadas divergentes na vida, Creed III evita enfrentar a divisão de classes entre eles de frente. Sim, Adonis teve muita sorte ao seu lado, mas a maior parte dessa sorte é porque ele era filho de Apollo Creed, e Mary Anne (Phylicia Rashad) o tirou da vida difícil que ele estava destinado a viver. O roteiro tem crédito para Ryan Coogler, e há muitas semelhanças no arco de Damian com o de Michael B. Jordan como Killmonger no primeiro filme do Pantera Negra, mas aqui há um caminho ainda mais direto para culpar sinceramente o herói pelas fraquezas do vilão.

As cenas de boxe, filmadas em IMAX, são grandiosas, muitas com influências de anime. Inclusive, existe uma cena idêntica da luta de Vegeta vs Goku. Mas para a luta final, Michael B. Jordan fica um pouco entusiasmado demais com isso, experimentando loucamente para fazer a luta parecer uma sequência de sonho, culpa e remorso. É uma escolha criativa interessante, mas me tirou um pouco da imersão do embate. Creed III não é de forma alguma o fim da franquia, mas fecha um capítulo na luta mais difícil de Adonis para reconciliar seu passado com seu presente. Em última análise, Creed III é um blockbuster com coração, mente e alma que trata seus personagens, assim como o público, como seres humanos.

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