Conto | O Passageiro

Divulgação | Mundo dos Heróis 

• Por Alisson Santos

Quando eu tinha 31 anos, fui ao encontro de antigos amigos da faculdade do curso de administração, após encontrar uma colega e ela me colocar em um grupo do WhatsApp com alguns outros membros daquele tempo. Eu morava em Funilândia, interior de Minas Gerais e a distância até o ponto marcado do encontro em Belo Horizonte, era de cerca de 80 km através de uma rua com pouco tráfego, uma quase abandonada do estado. A grande maioria residiam nas redondezas, outros na própria capital e alguns foram morar em outros estados do Brasil. Cerca de nove quilômetros para chegar ao destino, vejo alguém na beira da estrada, sinalizando para mim. Era um dos caras com quem eu havia cursado administração, Lucas. Ele não estava no grupo do WhatsApp e no tempo da faculdade era um pouco recluso, tímido, antissocial, ou seja, ele nunca foi de socializar com a galera. 

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Ele não me reconheceu ou fingiu não reconhecer, só pediu uma carona para a casa dos pais no centro da cidade. Ele entrou no carro, e tentei puxar assunto sobre o tempo da faculdade para tentar fazer ele se lembrar de mim. Bom, ele não disse nenhuma palavra. Eu não o via há sete anos, mas ele ainda parecia o mesmo, talvez um pouco mais velho. Chegamos à cidade e pergunto se ele quer participar do encontro dos amigos da faculdade. Ele diz: "Não, apenas me leve para casa." Segundo ele, seus pais moravam cerca de 500 metros do ponto no qual marcamos, e eu virei naquela direção, mas ele disse para deixá-lo um pouco antes da casa dos pais e saiu do carro. Vou até o bar marcado, fiquei muito feliz em rever alguns dos meus antigos colegas, começamos a conversar. Enquanto estamos falando sobre o tempo da faculdade, menciono que acabei de encontrar o Lucas a nove quilômetros daqui e o deixei perto da casa dos pais. Todos ficam quietos, pálidos. "Mariana, Lucas morreu naquela estrada há seis anos. Capotou o carro tentando fugir da polícia. Tudo isso após matar os próprios pais", me disseram.

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