Crítica | A Mulher Rei - Contanto que você não tome isso como uma lição de história, A Mulher Rei é um baita entretenimento.

Divulgação | Sony Pictures 

TítuloThe Woman King (Título original)
Ano produção2021
Dirigido porGina Prince-Bythewood
Estreia
22 de setembro de 2022 (Brasil)
Duração 134 minutos
Classificação14 - Não recomendado para menores de 14 anos
Gênero
História - Ação - Drama
País de Origem
Estados Unidos
Sinopse

A Mulher Rei é uma história memorável da Agojie, uma unidade de guerreiras composta apenas por mulheres que protegiam o reino africano de Daomé por volta de 1800, com habilidades e uma força diferentes de tudo já visto. Inspirado em eventos reais, A Mulher Rei acompanha a emocionante jornada épica da General Nanisca (a atriz vencedora do Oscar® Viola Davis) enquanto ela treina uma nova geração de recrutas e as prepara para a batalha contra um inimigo determinado a destruir o modo de vida delas. Algumas coisas valem a luta.   

• Por Alisson Santos
• Avaliação - 8/10

A Mulher Rei é um filme com grandes cenas de ação e drama convincente, não se esquiva dos horrores da escravidão e da participação da tribos africanas nessas atrocidades. Compreender esse ponto é fundamental para entender a intensidade com que o roteiro de Dana Stevens impressiona e encanta durante grande parte de sua execução de 2 horas e 14 minutos. Para cada momento de façanha física de cair o queixo dessas mulheres, há um momento gracioso de humor. Além de ser uma história épica sobre um choque de civilizações, A Mulher Rei é sobre buscar e encontrar o abraço triunfante, redentor e catártico da irmandade e afeto materno diante da violência hedionda. Perfeito ? Não. Algumas escolhas no roteiro são questionáveis dentro do contexto histórico que o filme aborda. A abordagem escolhida para Reino do Daomé, por exemplo, é historicamente problemática. Do ponto de vista da precisão histórica sobre o tráfico de escravos do século XIX. A alegação final que o roteiro de Dana Stevens faz é que no início da década de 1820 o governante do reino estava convencido a acabar com o papel há muito entrincheirado de seu reino na exploração do comércio e se voltar para a exportação de outras mercadorias não apenas por considerações práticas, mas também por argumentos sobre sua desumanidade.

Divulgação | Sony Pictures 

Isto é, simplesmente, irreal. Daomé manteve um papel próspero e brutal no comércio de escravos até 1850. Foi a pressão dos estados europeus de mentalidade abolicionista – incluindo o uso da força militar – que obrigou a mudança atribuída aqui. Pode-se entender bem por que o retrato do reino como algo moralmente progressivo será reconfortante para o público moderno, mas, no entanto, é essencialmente mais Wakanda do que Daomé. Em outros aspectos, porém, Dana Stevens acertou a história. Durante o período em que a história se passa, Daomé travou o que equivalia a uma guerra de libertação contra o maior e mais poderoso Império de Oyo a oeste, ao qual por décadas foi forçado a prestar tributos. Talvez, se o filme escolhesse seguir um caminho sem dar ênfase no marketing com "baseado em fatos reais" eu poderia embarcar melhor em uma proposta um tanto fantasiosa. Quando não está concentrando sua energia em fornecer uma série de conflitos irreais, A Mulher Rei é, ostensivamente, um baita entretenimento.

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