Crítica | Belfast - Uma experiência adorável e muito do crédito pertence ao elenco e suas incríveis performances.

Divulgação | Universal Pictures

Título	Belfast (Título original)
Ano produção	2020
Dirigido por	Kenneth Branagh
Estreia	10 de março de 2022 (Brasil)
Duração	98 Minutos
Classificação	14 - Não recomendado para menores de 14 anos
Gênero	Comédia - Drama
País de Origem	Estados Unidos

Sinopse

Na Irlanda do Norte dos anos 60, um menino de 9 anos experimenta o amor, a alegria e a perda. Em meio a conflitos políticos e sociais, o garoto tenta encontrar um lugar seguro para sonhar enquanto sua família busca uma vida melhor.

• Por Alisson Santos

• Avaliação - 8/10

Situado em 1969, o novo filme de Kenneth Branagh começa com manifestantes protestantes atacando as casas de moradores católicos em uma pequena rua em Belfast, Irlanda do Norte. É uma abertura forte e, tendo visto outros filmes poderosos sobre Os Conflitos na Irlanda do Norte, eu esperava que este fosse um drama igualmente corajoso, mostrando o conflito em detalhes horríveis e precisos.

Eu estava errado. O diretor fez o velho truque de “isca e troca”. Não vemos muito mais em termos de violência e o filme se transforma em um drama familiar comovente sobre o lugar que identificamos como “lar” e como ele pode variar ao longo do tempo em um mundo em mudança. É um tema digno que me lembrou Brooklyn, o ótimo longa indicado ao Oscar de 2015 estrelado por Saoirse Ronan – um dos meus filmes favoritos da última década.

A família no filme é fictícia, mas a história é baseada na própria criação do diretor. Ele nasceu em 1960 como filho de pais da classe trabalhadora que moravam no norte de Belfast e, aos 9 anos, eles tiveram que tomar a difícil decisão de permanecer em uma cidade cada vez mais problemática ou se mudar para o exterior e começar de novo.

Divulgação | Universal Pictures

A natureza semi-autobiográfica do longa também é a razão pela qual Kenneth Branagh o contou da perspectiva de Buddy, de 9 anos, maravilhosamente interpretado pelo Jude Hill. Há tensão na família e tumultos ocorrendo do lado de fora de sua porta da frente, mas partes significativas do filme são dedicadas às coisas normais que dizem respeito a uma criança, como impressionar seu professor na escola, fazer amizade com uma garota que ele gosta. Você poderia descrevê-lo como um conto de amadurecimento onde os conflitos violentos no país é apenas o pano de fundo.

Belfast é uma experiência adorável e muito do crédito pertence ao elenco e suas incríveis performances. Buddy passa o tempo com seus dois avós, interpretados por Judi Dench (Shakespeare Apaixonado) e Ciarán Hinds (O Espião Que Sabia Demais), e é difícil não se emocionar com a interação entre eles. Ambos regam seu neto com amor e sabedoria... enquanto também tentam protegê-lo das realidades mais duras do mundo. Novamente, você não precisa ter vivido na Irlanda do Norte na década de 70 para apreciar a situação e entender suas ações. Muitos vão se relacionar.

Mas eu não sou completamente vendido ao filme. Kenneth Branagh explicou que o uso predominante de preto e branco lhe dá uma “qualidade poética”, enquanto os salpicos de cor são como “explosões da mente”. Achei que tal escolha acabará por distrair o espectador ao invés de agregar valor. Um grande cinéfilo quando criança, o diretor também inclui várias cenas em que a família vai ao cinema local. Esses momentos parecem mais como se Kenneth Branagh estivesse “divulgando” seus filmes favoritos, em vez de adicionar algo significativo à narrativa.

"Belfast" estreia nos cinemas no próximo dia 10 de março de 2022.