Crítica | Convenção das Bruxas - Carece da alma do seu antecessor


Divulgação | Warner Bros Pictures
TítuloThe Witches (Original)
Ano produção2019
Dirigido porRobert Zemeckis
Estreia
19 de novembro de 2020 (Brasil)
Duração106 minutos
Classificação10 - Não recomendado para menores de 10 anos
Gênero
Terror Comédia Infantil Aventura 
País de Origem
Estados Unidos da América

Sinopse

O remake de Convenção das Bruxas, clássico de fantasia dos anos 1990, acompanha um garoto de sete anos que se depara com uma conferência de bruxas em um hotel. Lá, ele acaba descobrindo que um grupo de bruxas está fazendo uma convenção, pretendendo transformar todas as crianças do mundo em ratos. 
Baseado no livro infantil homônimo de Roald Dahl.

• Por Alisson Santos  
• Avaliação - 6/10

O filme de fantasia de 1990, Convenção das Bruxas, dirigido por Nicolas Roeg, produzido por Jim Henson e estrelado por Huston muito sensual como a icônica Grande Bruxa, será para sempre a versão definitiva da minha infância.
Para seu crédito, Anne Hathaway consegue passar sua visão pela personagem na adaptação de Robert Zemeckis do livro infantil de Roald Dahl de mesmo nome.

Já vimos Hathaway se quebrando (ok, só um pouco) como uma diva insuportável em "Oito Mulheres e um Segredo", mas ela nunca se empurrou tão longe no território da vilã.
Mesmo sendo um desempenho exagerado que vai muito além, ela é o ingrediente mágico inegável desta nova versão e quem muitas vezes leva o filme nas costas.

De sua entrada grandiosa e glamorosa e seu questionável sotaque escandinavo do Leste Europeu até suas explosões furiosas, sibilantes e violentas, é óbvio que a atriz ganhadora do Oscar está aproveitando cada segundo interpretando a Grande Bruxa.

Divulgação | Warner Bros Pictures

Meu problema é que a transformação da Grande Bruxa é totalmente aterrorizante - ainda mais do que as próteses grotescas de Huston - graças aos efeitos especiais que a tornam Anne mais parecida com uma filha do Pennywise.
Quer dizer, aquele sorriso, aqueles dentes. Sem mencionar narinas dilatadas, couro cabeludo infestado de larvas e braços com tentáculos. Nesse momento em questão, acaba que uma escolha deliberada pode soar como totalmente irresponsável: a sugestão, mesmo que sem a intenção, da vilania de pessoas com deficiência. Por mais que seja ficção, é uma opção inconsequente, de um profundo desrespeito e que releva o poder que um filme pode ter na mente de um espectador em formação. Para uma criança, à vista disso, as associações sobre diferenças físicas após o contato com as bruxas do filme em questão poderá ser as piores possíveis.

Embora seja perturbador e traumático para o grupo mais jovem (pais, vocês foram avisados), as Bruxas não lançarão um feitiço sobre os adultos.

Quando Anne Hathaway não está na tela, o resto do filme começa a se achatar e murchar, com um tom e um nível de energia espalhados por todo o lugar.

Divulgação | Warner Bros Pictures

A tentativa de comentário social e diversidade racial - mudando o cenário original da Noruega e da Inglaterra para o Deep South na década de 1960, e algo extremamente confuso e irrelevante para a trama.
A relação entre o menino herói de oito anos (Jahzir Bruno) e sua avó (Octavia Spencer) é devidamente desenvolvida, mas suas interações parecem estranhamente desanimadoras.

Existem cenários divertidos com certeza, como a reunião de convenção no hotel, o final envolvendo sopa envenenada e o caos dos ratos falantes em geral, mas esta atualização carece da alma de seu antecessor.

"Convenção das Bruxas" já está disponível nos cinemas.

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