Crítica | Três Verões - Cheio de momentos divertidos, mas excessivamente indulgente sob o peso de sua própria ambição


Divulgação | Vitrine Filmes

TítuloTrês Verões (Original)
Ano produção2019
Dirigido porSandra Kogut
Estreia
16 de Setembro de 2020 (Nacional)
Duração94 minutos
Classificação14 - Não recomendado para menores de 14 anos
Gênero
Drama Comédia
Países de Origem
Brasil
França

Sinopse

Em Três Verões, Edgar (Otávio Muller) e Marta (Gisele Fróes) formam um rico casal que todo verão, entre o Natal e o Ano Novo, recebe amigos e família para festas em sua mansão à beira-mar. Entretanto, quem de fato organiza a casa e gerencia os empregados é Madalena (Regina Casé), que sonha em comprar um terreno para que possa abrir seu próprio negócio. Com isso, ela pede ajuda ao patrão, que lhe empresta dinheiro para ser descontado mensalmente de seu salário, sem imaginar no quanto seria envolvida em seus negócios.

• Por Alisson Santos
• Avaliação - 6/10

A incansável atriz Regina Casé brilha como Madá, a empregada e empreendedora governanta de uma rica família carioca no afetuoso 'Três Verões' de Sandra Kogut. Conhecemos Madá pela primeira vez em 2015, quando ela organiza as comemorações de Natal da família e tenta dissuadir seu patrão, Edgar (Otávio Müller) do dinheiro de que precisa para garantir o seu sonho de ter seu próprio negócio, enquanto vende suas "marmitas" na surdina. No segundo desses três verões, a famosa investigação criminal sobre a corrupção generalizada conhecida como Operação Lava Jato assumiu o Brasil, com Edgar gravemente envolvido. Enquanto os policiais vasculham a propriedade, Madá e os outros, com seu futuro incerto e salários perdidos, resolvem o problema com suas próprias mãos engenhosas. Aqui está a corrupção, como sempre, escorrendo para afetar aqueles que menos a merecem. Mas aqui também estão Madá e sua turma, talvez agora no controle de mais do que jamais estiveram nesta casa e em seu trabalho. Ela tem ideias e seus vários esquemas são a essência do filme. No terceiro verão, ela está alugando parte da propriedade para turistas e fazendo passeios de barco pela região.

Divulgação | Vitrine Filmes

O espírito empreendedor e a atitude de não aprisionar de Madá fazem dela uma personagem central divertida, o roteiro de Kogut permite que a comédia suave se infiltre em suas observações sobre a resiliência daqueles que trabalham a serviço dos outros. Sua abordagem é metódica, sua câmera paciente, à medida que os ciclos da vida se repetem e continuam, apesar de um ambiente de fragilidade e declínio.

Apesar do desempenho central sólido, o enredo sinuoso do filme e a tendência de deixar as cenas se arrastarem por muito tempo, faz o longa ter um bom número de pontos fracos. Realmente teria se beneficiado de uma edição mais restrita. Por tudo o que isso tem a dizer sobre as tensões de classe, o destaque é a relação de Madá e Lira, com os dois personagens, ambos os quais passaram por dolorosas decepções em suas vidas pessoais, encontrando uma conexão que ultrapassa tudo isso e fala para algo mais. fundamentalmente humano. É aqui, onde a esperança parece mais tênue, que o filme consegue fazer algo mais do que brincar e atirar. Assim como o sonho de Madá de ter um pequeno quiosque à beira da estrada, ele aponta para a possibilidade de um estilo de vida diferente.

Cheio de momentos divertidos, mas excessivamente indulgente sob o peso de sua própria ambição, 'Três Verões' não é tão bom quanto deveria, mas ainda é uma das melhores visões cinematográficas sobre o escândalo da corrupção brasileira.

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