| Título | O Fim do Mundo (Original) |
|---|---|
| Ano produção | 2018 |
| Dirigido por | Basil da Cunha |
| Estreia | 2019 - 2020 (Mundial) |
| Duração | 1h 44min |
| Classificação | 16 - Não recomendado para menores de 16 anos |
| Gênero | |
| País de Origem | Suíça Portugal |
Sinopse
Spira volta para casa depois de sair de um centro de correção juvenil e se reconecta com seus entes queridos em Reboleira, uma favela de Lisboa prestes a ser destruída. Mas Kikas, um dos antigos traficantes do bairro, deixa claro que ele não é bem-vindo ali
• Por Alisson Santos
• Avaliação - 9/10
Spira (Michael Spencer) é libertado de uma penitenciária após oito anos de detenção e vai para a casa de sua família em Reboleira (Lisboa). Nada parece ter mudado além dele mesmo. Sua presença imperceptível condena silenciosamente as ruas onde o lixo se acumulou e não foi coletado nos últimos meses. Ele observa casas sendo demolidas, violência, mortes e extrema pobreza. Pode não ser o fim da Reboleira mas pode ser o início do fim, pois é vítima de gentrificação.
O diretor Da Cunha, claramente passou muito tempo na favela de Reboleira e conquistou a confiança de quem aparece no filme. Ele filma os corpos cansados, mas orgulhosos dos habitantes da Reboleira com respeito e com uma elegância formal que lhes confere um ar de mistério e surrealismo. O filme me fez pensar nas favelas cariocas. No bairro da Reboleira, a maioria da população é ou descende de imigrantes das antigas colônias portuguesas na África. A questão histórica se faz presente, os resquícios da colonização também, assim como é no Brasil.
O diretor Da Cunha, claramente passou muito tempo na favela de Reboleira e conquistou a confiança de quem aparece no filme. Ele filma os corpos cansados, mas orgulhosos dos habitantes da Reboleira com respeito e com uma elegância formal que lhes confere um ar de mistério e surrealismo. O filme me fez pensar nas favelas cariocas. No bairro da Reboleira, a maioria da população é ou descende de imigrantes das antigas colônias portuguesas na África. A questão histórica se faz presente, os resquícios da colonização também, assim como é no Brasil.
A complexidade de um espaço dominado pela violência revela-se em toda a sua beleza desesperadora, sem traço de falsa modéstia ou de benfeitorias higienizadoras. O fato do elenco ser amador traz uma outra beleza voraz ao filme.
Para Da Cunha, respeitar os habitantes da Reboleira significa mostrar o seu lado humano, mas também, o mais importante, a sua escuridão.
Não há lições morais em "O Fim do Mundo" , mas sim uma observação franca e direta de uma sociedade que existe dentro da sociedade, mas que muitos optam por ignorar.
Não há lições morais em "O Fim do Mundo" , mas sim uma observação franca e direta de uma sociedade que existe dentro da sociedade, mas que muitos optam por ignorar.
Da Cunha combina habilmente realidade e ficção, que coexistem lado a lado para criar um mundo paralelo onde a marginalização muitas vezes assume a forma de poesia brutal. O realizador consegue mergulhar o espectador numa atmosfera sombria, machista, violenta e melancólica em que não há momentos de felicidade, é como se você fizesse parte de Reboleira.
"O Fim do Mundo" vem a encarnar a magia do cinema em si, permitindo-nos olhar além das aparências e abrindo nossas mentes para territórios inexplorados caindo em algum lugar entre a fantasia e a realidade.
*A Mundo Dos Heróis recebeu o convite para ver antes alguns dos principais filmes do Panorama Digital do Cinema Suíço que chega à sua 8ª edição. O evento acontece de 27 de agosto a 6 de setembro. Os filmes serão exibidos gratuitamente na plataforma Sesc Digital. O festival é uma realização do Consulado da Suíça em São Paulo e do Sesc São Paulo, com a agência de cinema Swiss Films.
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